O rio Itapecerica de Divinópolis requer maior atenção


Chegou a hora de fazer as contas e ver o que vai sobrar do rio Itapecerica e dos mananciais que o alimentam. Politicagem de lado, mangas arregaçadas, espírito de cooperação e mutirão (como estimulava o saudoso Simão Salomé de Oliveira), são as melhores atitudes.
Memórias de uma época - VI

20160317

Ser “republicano”

Melhorando o conceito, evitando
a banalização do uso

Tenho ouvido nas conversas de políticos a condição de “ser republicano”, a forma “republicana” de tratar a coisa pública etc. – a popularização do termo.


Para não confundir com a ditadura republicano-democrata estadunidense*, busquei melhorar esse conceito, recorrendo ao doutor Luiz Flávio Gomes (2011), ao historiador mineiro José Murilo de Carvalho (2009) e, por este, ao jesuíta Simão de Vasconcelos, que assim esboçou esse conceito no Brasil, em 1663:
— Nenhum homem nesta terra é repúblico, nem vela nem trata do bem comum, senão cada um do seu particular.
Segundo José Murilo de Carvalho, ser republicano é:
▪ crer na igualdade civil de todos, sem distinção de qualquer natureza;

▪ rejeitar hierarquias e privilégios;

▪ não perguntar: ‘Você sabe com quem está falando?’

▪ responder: ‘Quem você pensa que é?’

▪ crer na lei como garantia da liberdade;

▪ saber que o Estado não é uma extensão da família, um clube de amigos, um grupo de companheiros;

▪ repudiar práticas patrimonialistas, clientelistas, familistas, paternalistas, nepotistas, corporativistas;

▪ acreditar que o Estado não tem dinheiro, que ele apenas administra o dinheiro pago pelo contribuinte;

▪ saber que quem rouba dinheiro público é ladrão do dinheiro de todos;

▪ considerar que a administração eficiente e transparente do dinheiro público é dever do Estado e direito seu;

▪ não praticar nem solicitar jeitinhos, empenhos, pistolões, favores, proteções.
Na visão de Luiz Flávio Gomes, ser republicano(a) abrange também, “além da igualdade, a Justiça (como valor meta), a Liberdade, a Fraternidade, a Laicidade, a Cidadania e a Dignidade (esse é o valor síntese)”.

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* Ser republicano estadunidenses significa acreditar no Estado mínimo, apoiar a não intervenção governamental, lutar por menos impostos em todas as esferas e acreditar em livre comércio. Acreditar na desregulamentação, ou seja, o mercado que ache as soluções para os seus problemas. Ser contra os imigrantes e achar que devem fechar as fronteiras. Ser mais belicoso e unilateral e governar com a visão dualista do tipo, quem estiver de meu lado é meu amigo e, quem ousar discordar é meu inimigo.

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20130220

Combate à corrupção sem demora

A certeza da impunidade é a principal causa desse mal e não o voto secreto

Os debates sobre os temas “transparência, controle social e prevenção e combate à corrupção”, promovidos pela 1ª Conferência Nacional sobre Transparência e Controle Social (Consocial) foram muito oportunos e podem ser resumidos em uma única expressão-chave: combate à corrupção.


A idéia é encontrar meios de se conter a corrupção, que se tornou um grave problema do Brasil, afetando a estabilidade econômica e democrática, a administração pública e a soberania do país, à medida que expõe a imagem do brasileiro ao vexame internacional. Além do mais agrava a situação de pobreza com prejuízos para milhões de pessoas.

Aliás, os prejuízos da corrupção vão mais além dos aspectos financeiros e se mostram como estigmas da classe política, da cultura nacional e do jeito do viver brasileiro. Há descontentamento, falta de esperança em mudanças e no fim desse círculo continuo, eis a verdade.

As instituições democráticas estão desacreditadas e insistem em velhos e fracassados remédios de poder e controle social, acreditando que a exposição dos parlamentares em voto aberto seja um instrumento efetivo. Hitler, Stalin e a ditadura tentaram, mas o mundo não é totalmente plano e nenhuma estrada também é totalmente reta, diz o adágio.

A certeza da impunidade é a principal causa desse mal, que se mantém em decorrência da morosidade em julgar, do corporativismo nos órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, dos foros privilegiados, das garantias do servidor público e do garantismo extremo.
“O combate à corrupção requer mais do que leis – requer uma sociedade formada por cidadãos probos e participantes das decisões do Estado, que cobrem dos seus representantes que lutem pelos direitos e pelos benefícios de seus eleitores” (Thaisa Delforge).
Lendo o relatório da Primeira Consocial, percebe-se que a abolição do voto secreto foi uma apropriação da 28ª proposta do Bloco 2, como se esta fosse o principal tema. Há algo aí que soa dissimulado, aparece encobrindo as 10 propostas prioritárias que estão em vermelho, no Bloco 1:
“[...] o financiamento exclusivamente público para as campanhas eleitorais, obrigatoriedade de ensino do controle social e da educação fiscal, a criação e o fortalecimento dos órgãos de controle interno em todas as esferas governamentais e a obrigatoriedade do orçamento participativo” (Primeira Consocial, Relatório).
No campo da transparência e do controle social, destaca-se mais a facilitação do acesso direto às informações de caráter público, a ampliação dos instrumentos democráticos de participação popular nos processos legislativos e o controle do lobby.

Do voto secreto

O voto aberto ou nominal como regra não é um instrumento efetivo contra a corrupção ou o desmando na administração pública. A história e a ciência política estão aí para testemunhar.
“A opinião pública e a dos seus elementos não se formam apenas pela escolha individual de cada agente. O pensamento, sobretudo a vontade coletiva está sujeita às pressões e às correntes do meio, e a força com que esses fatores atuam é, afinal, o que propulsiona, informa e dirige essa opinião” (Dep. Fed. Nelson Duarte, 1946).
A Dinamarca, a Finlândia e a Suécia são os países menos corruptos do mundo e dos primeiros a adotar o voto aberto em todas as instâncias. Mas, entre os nórdicos, o regime é parlamentarista e a população tem meios de votar (livre, rotineira e emergencialmente) decisões que são colocadas à apreciação pública; tem maturidade política, educação em controle social, ânimo de participação e imprensa independente.

Ademais, os países que aboliram o voto secreto o mantiveram em questões de eleições internas para cargos dos poderes públicos ou em julgamentos políticos em que os parlamentares atuam como se fossem jurados. Situações em que a pressão da opinião pública poderia inibir o parlamentar de exercer o voto com a necessária isenção e senso de justiça baseado na sua própria consciência.

Quanto as vantagens do voto aberto (ou nominal, como se diz tecnicamente) todas levam à fragilidade do Poder Legislativo e ao maior controle:

- das lideranças partidárias sobre a atuação parlamentar pelos uzeiros e vezeiros do poder que se beneficiam dos interesses particulares;

- da mídia sobre a atuação dos parlamentares em situações de grande repercussão popular; mídia esta que não representa o pensamento da população, mas tão somente daqueles que a patrocinam;

- do Poder Executivo sobre o Congresso Nacional, sobre as assembléias estaduais e câmaras municipais, para se beneficiar dos blocos parlamentares, das bancadas e das lideranças partidárias na apreciação (votação aberta) de seus projetos.

A abolição do voto secreto não impedirá as sessões secretas e as reuniões sigilosas, nem aqui nem na Dinamarca. Voto aberto ou nominal, portanto, não é panacéia contra a corrupção e nem medida efetiva para desestimular a corrupção.



É preciso controlar o financiamento das campanhas eleitorais; tornar obrigatórios o ensino do controle social, a educação fiscal e o orçamento participativo; criar e fortalecer os órgãos de controle interno em todas as esferas governamentais; ampliar a disposição de informações sobre os serviços, as contas da administração pública e os planos de obras e intervenções urbanas e rurais.

Importante frisar, por conclusão, que o Brasil (69o lugar entre os países mais corruptos do mundo) adotou em sua Constituição, como regra geral, o voto aberto na apreciação de leis, emendas, tratados, enfim, disciplinamento social ou de imposições de condutas que se tem como benéficas à sociedade etc.

Mas em outras matérias, como as mencionadas pela Constituição Federal (art. 52, 55, § 2o e 66, § 4o) adotou o voto secreto para se evitar danos indevidos à imagem de pessoas além dos limites aceitáveis: tanto os apreciadores (em função julgadora) como os sujeitos do julgamento, em sede do Poder Legislativo.

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Leituras sugeridas:

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20130213

Cooperação pela Água

2013 foi consagrado à cooperação pela água 
e à matemática do planeta Terra 

A UNESCO consagrou 2013 como o Ano Internacional da Cooperação pela Água, com a finalidade de atingir pessoas que atuam ou lidam nos processos de utilização das águas, em todos os níveis, do internacional ao local.

A idéia é ressaltar a importância da cooperação em questões sobre a água; promover a produção de conhecimento e a construção de capacidades em favor dessa cooperação; provocar ações concretas e inovadoras; e fomentar como prioridades máximas, inclusive para depois de 2013, parcerias, diálogos e cooperação pela água.

O motivo do tema é que, na base dos principais conflitos mundiais está a água potável (que decresce na superfície da Terra). Sem a cooperação no gerenciamento dos recursos hídricos a humanidade não prosperará.
[...] o desenvolvimento da assistência pela água reúne fatores e disciplinas que devem cobrir as dimensões: religiosa, ética, social, política, legal, institucional e econômica (UNESCO ).
Matemática do Planeta Terra 

O ano de 2013 também foi consagrado à Matemática do Planeta Terra, por sugestão de dezenas de sociedades científicas, universidades, institutos de pesquisa e organizações de sustentabilidade de todo o mundo. Vamos fazer as contas! Nosso planeta é o cenário. 

Os números governam o mundo e a matemática pode avaliar a dinâmica dos diversos processos geofísicos e biológicos do planeta, incluindo o manto, os continentes e oceanos, as condições de tempo e clima, as espécies vivas e suas interações, além dos aspecto humanos relacionados às finanças, agricultura, água, transporte e energia (UNESCO ). 

A idéia do Ano Mundial da Matemática do Planeta Terra é estimular a pesquisa, a identificação e a resolução de questões fundamentais sobre o planeta; incentivar educadores em todos os níveis a se posicionarem sobre as questões planetárias; e disseminar informações sobre o papel essencial das ciências matemáticas em face dos desafios. 

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20120117

Crise e recessão econômica global

Configura-se uma nova ordem mundial, enquanto declinam as velhas hegemonias 

O Instituto Galego de Análise e Documentação Internacional (IGADI), publicou o relatório IGADI Annual Report 2011-2012, elaborado como síntese analítica dos principais acontecimentos de 2011, apresentando também as perspectivas do cenário internacional para 2012 e diversas reflexões transversais. O documento se chama Novas lideranças se sobressaem às velhas hegemonias.


A configuração de uma nova ordem mundial, marcada pela ascenção de potencias emergentes, especialmente, as do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), está sendo impulsionada sob o prisma da multipolaridade e marcada pelo declínio das velhas e poderosas hegemonias euroatlânticas. É uma mudança de poder que está em andamento, dentro de uma conjuntura definida pela crise e recessão econômica global, ao mesmo tempo em que ocorrem diversas manifestações de resistências ao modelo econômico e político imperante.

No marco dos eventos chaves de 2011 são analisados o impacto e as incertezas derivadas da Primavera Árabe; a situação do jihadismo e do terrorismo global depois da morte de Osama ben Laden; uma Europa sacudida pelos desastres financeiros e a crise econômica; a consolidação de um processo de integração autônoma na América Latina; e a definição da reghião Ásia-Pacífico como novo epicentro global.

Quanto às perspectivas para 2012, identicam-se as principais tendências, destacando-se a mudança de dirigentes na cúpula do poder na China, depois da celebração do XVIII Congresso do Partido Comunista Chinês, previsto para o fim do ano; a campanha pela reeleição de Barack Obama, nos EEUU; eleição chave no México e Venezuela; o retorno de Putin ao Kremlin; e uma reflexão sobre a crise européia do ponto de vista do cidadão.

No marco das reflexões (por áreas geográficas) foram analisadas a rivalidade entre China e Estados Unidos e o toque asiático na política exterior estadunidense; a ascensão eleitoral islâmica no Magreb e a Primavera Árabe e o desconcerto do ideal europeista; as complexidades do MERCOSUL dentro da nova conjuntura de integração latinoamericana.

O IGADI Annual Report 2011-2012 aborda em suas reflexões transversais a ambiguidade do intervencionismo "humanitário"; a rebelião popular e as resistências à ordem global; as perspectivas sobre o controle dos oceanos e os denominados "estados frágeis"; além de uma análise sobre a ascenção e o novo poder das economias emergentes.

Vale a pena ler o documento (em galego), disponível no site do IGADI.

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20111015

Unidos por uma mudança global

Hoje, mais de um milhão de pessoas promoveram manifestações anticapitalistas em todos os continentes (82 países: 951 cidades).

As manifestalções multitudinárias contra governos autoritários do Oriente Médio convocadas por meio de redes sociais parece vir espalhando-se pelo planeta. As mobilizações são resultados de aspectos nefastos da crise capitalista, descritos pelo jornalista português Milton Alves como
[...] dominação da oligarquia financeira, dos banqueiros e especuladores globais, que mais uma vez querem jogar o pesado ônus da barbárie capitalista nas costas dos trabalhadores e das populações empobrecida (Milton Alves, 15-10-2011)
O Manifesto pela democracia participativa; pela transparência nas decisões políticas e pelo fim da precariedade de vida, publicado pelo site organizador do evento "15.O" informa que os cidadãos vão
[...] para a rua, na Europa e no Mundo, de forma não violenta, expressar a nossa indignação e protesto face ao atual modelo de governança política, econômica e social. Um modelo que não nos serve, que nos oprime e não nos representa.
Os governos exercem uma falsa democracia, em que as decisões estão restritas aos gabinetes e salas fechadas de parlamentos, ministérios e instâncias internacionais. Não há controle de qualquer natureza para o cidadão, feito refém de um modelo econômico-financeiro especulador, “sem preocupações sociais ou ambientais e que fomenta as desigualdades, a pobreza e a perda de direitos à escala global”, segundo o Manifesto do "15.O".
Está na hora de mostrar a estes senhores e a estas medidas de austeridade e seus trágicos danos, que as pessoas não são descartáveis, não são acessórios de jogos bolsistas, não são artigo de transacção financeira. São pessoas (José Maria Cardoso, in Esquerda.net, 15-10-2011).

A mobilização no mundo

O jornalista Milton Alves fez uma resenha dos acontecimentos que marcaram essa convocatória multitudinária (via web, a partir da Espanha) por uma mudança global, que recebeu adesão de milhares de pessoas, destacando-se Nova Iorque e Miami (EUA), Bruxelas (Bélgica), Madri e Barcelona (Espanha), Roma (Itália), Lisboa e Porto (Portugal), Berlim, Frankfurt e Munique (Alemanha), Atenas (Grécia).

Na Europa, as palavras de ordem referiam-se à ditadura financeira e à dignidade humana: “Contra a ditadura financeira”, “Por uma Europa Solidária”, “Nós somos o poder, não somos mercadoria”, “O dinheiro mata”, entre outros lemas.
Grandes manifestações ocorreram na Espanha, sendo a região europeia com maiores mobilizações nesta jornada, juntamente com a Grécia, que também juntou importantes mobilizações de massas.

Em Atenas, na Praça Syntagma, milhares de pessoas se solidarizaram com a Síria e se posicionaram contra as políticas de austeridade no país.

Em Roma, cerca de 200 mil manifestantes tomaram as ruas e houve depredação e luta aberta entre manifestantes e forças repressivas. Houve tensão também em Londres, na prisão de Julian Assange, líder do WikiLeaks, que fez um breve discurso junto aos manifestantes e foi levado pela polícia minutos depois de colocar uma máscara.

Na Galiza, ocorreram ações de sabotagem contra entidades bancárias, empresas transnacionais e outras organizações, responsabilizadas pelos manifestantes como causadores da crise. Segundo, Alves (2011), “Zara, gigante do téxtil sediada na Galiza, foi assinalada pelos recentes casos de escravidão detetados em fábricas a seu serviço no Brasil”.

Em Berlim, cerca de duas mil pessoas ocuparam o parlamento (Reichstag), enquanto outras dezenas de milhares manifestavam nas imediações.

Utrapassando a barreira de policiais que tentava evitar a ocupação, dezenas de milhares de pessoas tomaram a escadaria principal da Assembleia da República, em Lisboa (Portugal), em protesto contra o sistema capitalista e a crise. Houve apelos à greve geral de trabalhadores contra as medidas tomadas nos últimos dias pelo governo neoliberal português, que prejudicam os direitos trabalhistas da maioria.

No mundo árabe, hoje continuaram as mobilizações de massas no Barein, com forte repressão do regime, e na Síria. Foram 23 mortos no Iêmen, em protestos que pediam o fim do regime de Ali Abdullah Saleh.

No Brasil, houve manifestações em São Paulo (contra a construção de hidrelétrica em Belo Monte/Altamira, Pará) e anticapitalistas no Rio de Janeiro; em Curitiba, Londrina, Cascavel e Paranavaí (Paraná) e em Porto Alegre (R. G. do Sul).

Até no Extremo Oriente foram registradas mobilizações. Em Hong Kong, uma concentração de populares levava cartazes com palavras de ordem, destacando-se uma faixa: “Os bancos são um câncer!”. Em Taiwan também houve manifestações, com cartazes: "99% somos nós".

Nas cidades de Wellington, Auckland, Dunedin e New Plymouth (Nova Zelândia), Sydney, Melbourne, Adelaide, Perth, Townsville, Brisbane e Byron Bay (Austrália). Um dos cartazes de Sydney dizia: “O capitalismo está matando nossa economia”.

Em resposta ao chamado mundial dos indignados (“15.O”), também houve manifestações na cidade do México, pedindo o fim da violência do narcotráfico, a construção de uma nova democracia, o fim das desigualdades, a interrupção dos investimentos militares e o investimento maiores em educação e saúde.

Eis a íntegra (em português) do Manifesto de 15 de Outubro de 2011:
PROTESTO APARTIDÁRIO, LAICO E PACÍFICO:

- Pela Democracia participativa.
- Pela transparência nas decisões políticas.
- Pelo fim da precariedade de vida.

MANIFESTO

Somos “gerações à rasca”, pessoas que trabalham, precárias, desempregadas ou em vias de despedimento, estudantes, migrantes e reformadas, insatisfeitas com as nossas condições de vida. Hoje vimos para a rua, na Europa e no Mundo, de forma não violenta, expressar a nossa indignação e protesto face ao actual modelo de governação política, económica e social. Um modelo que não nos serve, que nos oprime e não nos representa.

A actual governação assenta numa falsa democracia em que as decisões estão restritas às salas fechadas dos parlamentos, gabinetes ministeriais e instâncias internacionais. Um sistema sem qualquer tipo de controlo cidadão, refém de um modelo económico-financeiro, sem preocupações sociais ou ambientais e que fomenta as desigualdades, a pobreza e a perda de direitos à escala global. Democracia não é isto!

Queremos uma Democracia participativa, onde as pessoas possam intervir activa e efectivamente nas decisões. Uma Democracia em que o exercício dos cargos públicos seja baseado na integridade e defesa do interesse e bem-estar comuns.

Queremos uma Democracia onde os mais ricos não sejam protegidos por regimes de excepção. Queremos um sistema fiscal progressivo e transparente, onde a riqueza seja justamente distribuída e a segurança social não seja descapitalizada; onde todas as pessoas contribuam de forma justa e imparcial e os direitos e deveres dos cidadãos estejam assegurados.

Queremos uma Democracia onde quem comete abuso de poder e crimes económicos e financeiros seja efectivamente responsabilizado por um sistema judicial independente, menos burocrático e sem dualidade de critérios. Uma Democracia onde políticas estruturantes não sejam adoptadas sem esclarecimento e participação activa das pessoas. Não tomamos a crise como inevitável. Exigimos saber de que forma chegámos a esta recessão, a quem devemos o quê e sob que condições.

As pessoas não são descartáveis, nem podem estar dependentes da especulação de mercados bolsistas e de interesses financeiros que as reduzem à condição de mercadorias. O princípio constitucional conquistado a 25 de Abril de 1974 e consagrado em todo o mundo democrático de que a economia se deve subordinar aos interesses gerais da sociedade é totalmente pervertido pela imposição de medidas, como as do programa da troika, que conduzem à perda de direitos laborais, ao desmantelamento da saúde, do ensino público e da cultura com argumentos economicistas.

Os recursos naturais como a água, bem como os sectores estratégicos, são bens públicos não privatizáveis. Uma Democracia abandona o seu futuro quando o trabalho, educação, saúde, habitação, cultura e bem-estar são tidos apenas como regalias de alguns ou privatizados sem que daí advenha qualquer benefício para as pessoas.

A qualidade de uma Democracia mede-se pela forma como trata as pessoas que a integram.

Isto não tem que ser assim! Em Portugal e no Mundo, dia 15 de Outubro dizemos basta!

A Democracia sai à rua. E nós saímos com ela.

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