O rio Itapecerica de Divinópolis requer maior atenção


Chegou a hora de fazer as contas e ver o que vai sobrar do rio Itapecerica e dos mananciais que o alimentam. Politicagem de lado, mangas arregaçadas, espírito de cooperação e mutirão (como estimulava o saudoso Simão Salomé de Oliveira), são as melhores atitudes.
Memórias de uma época - VI

20100609

Conselho da Onu repele acordo com Irã

Aprovando novas sanções contra o Irã, o Conselho da ONU retirou sua máscara de idoneidade para a solução das questões mundiais


O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), pressionados pelas maiores potências nucleares – Rússia (5.192 ogivas), Estados Unidos (4.075 ogivas) e França (300 ogivas)... quase 10 mil ogivas prontas para serem acionadas – votou, nesta quarta, uma resolução prevendo novas sanções contra o Irã, porque esse país também quer usar energia nuclear com fins pacíficos.

O desrespeito ao acordo celebrado pelo Brasil e o Irã, com apoio estratégico da Turquia (que vem se afastando da política militar de Israel) deve ser constrangedor para os estadunidenses, russos e franceses bem informados, honestos e dignos. A solução pela via diplomática e pelo diálogo foi repelida com gracejos pelo governo dos Estados Unidos, com descrença manifesta dos russos e oportunismo da França.

Mesmo que o Conselho de Segurança da ONU não aprovasse mais sanções ao Irã, essa reunião sinalizou que nenhum acordo internacional feito ou não sob sua aquiescência tem validade garantida. E mais, demonstra que o mundo não se divide em Ocidente e Oriente, Norte e Sul, ricos e pobres, mas em nações que têm ogivas nucleares (ou bombas) ou podem construí-las e as que não têm; dividem-se em nações belicistas e nações pacifistas.

Para os belicistas atômicos, o diálogo de líderes, o acordo, a negociação e outros recursos diplomáticos para solução de crises e questões graves entre nações livres são ingenuidades. Para os pacifistas, não; a solução diplomática deve ser tentada até o último instante, como fez o Itamaraty e o governo brasileiro.

Aprovando novas sanções contra o Irã, o Conselho da ONU retirou, mais uma vez, sua máscara de idoneidade para a solução das questões mundiais, apoiando uma ameaça à soberania de um povo por desconfiar de seus governantes. Que moral teria um órgão desses para fiscalizar a inaceitável situação de Israel em Gaza, massacrando o povo palestino? Violando o direito internacional na cara-dura? Nem Israel aceita, porque a ONU não é uma organização confiável mais.

Resta aos cidadãos universais, atentos e de bem, saber que o Brasil se firmou no cenário mundial e foi reconhecido como um importante ator global, influindo nas grandes questões internacionais, especialmente onde os interesses brasileiros estejam ameaçados ou prejudicados. A atuação do Brasil, na busca por um acordo com o Irã, representa uma virada nas relações internacionais: está acabado o tempo das velhas lideranças autoritárias.
O Brasil provou que pode ser um ator importante no cenário global, que pode ser um interlocutor em situações em que outros fracassaram (...) O Brasil pensava que a negociação com o Irã iria ajudar, representar um avanço no processo. O governo Obama surpreendeu o Brasil ao não aceitar o acordo (...) Acho que vai acrescentar uma significativa dose de tensão nas relações entre os Estados Unidos e o Brasil. (Douglas Farah, do International Asessment and Strategy Center)
No entanto, segundo Michael Shifter, presidente do instituto de análise política Inter-American Dialogue (EUA), as divergências observadas na questão iraniana são um sinal de uma mudança nas relações bilaterais, que vai exigir um ajuste de ambos os lados.
O Brasil está se afirmando no cenário global, e os Estados Unidos terão de aceitar essa realidade (...) Isso não significa que os dois países não poderão cooperar em outras questões. Mas obriga a uma abordagem diferente da tradicional, na qual os Estados Unidos definiam a agenda e o Brasil seguia. (Michael Shifter)
O Irã rejeitou a aprovação das sanções da ONU e considerou que a resolução é “um erro; não é um passo construtivo para solucionar a questão nuclear. Isso só vai fazer a situação se complicar ainda mais", segundo o ministro de Relações Exteriores Ramin Mehmanparast, após a decisão por 15 a 3. A nova rodada de sanções (a quarta) impõe restrições contra bancos, a Guarda Revolucionária, o sistema de mísseis do país e o congelamento de investimentos ligados ao enriquecimento de urânio. Apenas o Brasil e Turquia votaram contra; Líbano se absteve.

Em resposta à aprovação das punições, o presidente da República Islâmica, Mahmoud Ahmadinejad, disse que as sanções são "sem valor algum" e "devem ir direto para a lata do lixo, como um lenço usado". "Estas resoluções não valem um centavo para a nação iraniana".

Segundo a embaixadora brasileira na ONU, Maria Luiza Ribeiro Viotti,
[...] não vemos as sanções como um instrumento efetivo. Com toda a certeza, vão provocar o sofrimento do povo do Irã e favorecer os que não querem que o diálogo prevaleça (...) experiências passadas na ONU, em especial no caso do Iraque, mostram que a espiral de sanções, ameaças e isolamento pode ter como resultado trágicas consequências. (Maria Luiza Ribeiro Viotti)
A diplomata defendeu o acordo tripartite Irã-Brasil-Turquia, e afirmou que o governo brasileiro "lamenta profundamente" que "não tenha recebido o reconhecimento político que merecia; não lhe deram tempo para que rendesse frutos".

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, apesar de seu país ter votado a favor das sanções, afirmou que elas seriam "ineficazes", citando como exemplo a Coréia do Norte, que anunciou o total funcionamento de seu programa nuclear, mesmo após as punições recebidas pela ONU.

Já os EUA consideram que o Irã coloca em risco a segurança regional do Oriente Médio, criando tensões com seus vizinhos, declarando ameaças – numa referência a Israel – "patrocinando grupos terroristas", e dando prosseguimento ao seu polêmico programa nuclear. Segundo o presidente estadunidense, o Irã "precisa entender" que com direitos vêm obrigações, e que Teerã deve respeitar os tratados internacionais sobre a produção e utilização de energia nuclear.
"O governo do Irã precisa entender que a segurança de seu povo não será garantida por meio de seu programa nuclear (...) O aumento de tensão no Oriente Médio não é do interesse de ninguém. (Barack Obama)

~! [+] !~

  © The Professional Template desenhado por Ourblogtemplates.com 2008 e adaptado por Flávio Flora 2009

Voltar ao TOPO