É possível prever terremotos
Uma lista de eventos que precedem a um terremoto, segundo observações em várias partes do mundo
Rua de Porto Príncipe (Haiti), antes do terremoto
A previsão de sismos ainda é uma vunerabilidade da ciência geológica, como afirma Ulisses Capozzoli (Scientist American BR), em matéria d’A Página Com a força de um coração cósmico, mas as recomendações do geólogo Frank Don, autor do livro As transformações que a Terra vai sofrer (Rio de Janeiro, Record, 1981), continuam muito pertinentes e úteis. Para esse autor, “um dos mais importantes aspectos para a preparação de condições para enfrentar os terremotos é a educação do povo”. E cita os chineses e japoneses, entre outras nações sujeitas a atividades sísmicas, como exemplos de que a educação e a preparação reduzem bastante o impacto dessas catástrofes.
E possível, mesmo, que a melhor solução ainda seja a de procurar mitigar os efeitos com o conhecimento das consequências de nossas ações e de um preparo bem ordenado para os possíveis terremotos do futuro (Don, 1981).Existe uma lista de eventos que precedem a um terremoto, segundo observações científicas em várias partes do mundo, coligidas por Don (1981). Quase todos os eventos estão ligados a um fenômeno conhecido como dilatação, que causam algumas transformações anômalas como estas:
1) o solo eleva-se ou inclina-se (de dois a cinco centímetros) para fora do subsequente epicentro, algumas semanas antes de ocorrer;
2) pequenos tremores ou choques ocorrem várias vezes antes do choque principal;
3) antes das atividades de terremotos, as rochas sob pressão ficam saturadas de fluídos, mostrando forte dimunuição da resistencia elétrica;
4)algumas horas antes da manifestação do sismo há mudanças nos campos magnéticos locais, o que, juntamente com outras anomalias, podem ser decisivos na previsão;
5) comportamento de animais fora do comum (que começa algumas horas, dias e até semanas antes), associadas a mudanças nos campos magnéticos locais, podem indicar iminência de terremoto: inquietação de galinhas, gado amedrontado (correndo para ou) nos currais, cães latindo desesperadamente, ratos tontos correndo pelas ruas, formigas carregando seus ovos e fugindo em migração massiva, os patos e aves aquáticas correm para a terra seca, animais selvagens (normalmente inquietos nos cativeirtos) ficam estranhamente quietos etc., são os sinais mais corriqueiros.
6) estranhas alterações nas pressões dos fluídos subterrâneos, com inesperadss variações no fluxo de nascentes e córregos, também podem ser um aviso para iminentes deflagrações, inda mais se for constatada a presença de gás radônio na água de minas, poços artesianos ou cisternas;
7) variação anormal na velocidade das ondas sísmicas, detectadass alguns meses antes do sismo, podem dar idéia da sua possível magnitude.
Outro dado importantes sobre a magnitude e a hora aproximada do terremoto refere-se ao perímetro da área onde ocorrem as mudanças:
Quanto maior for a região sobre a qual acontecem tais efeitos, maior será o terremoto e mais longe estará a hora de sua chegada. Por exemplo, se as mudanças em fenômenos geofísicos forem medias durante um período de trinta dias antes de voltarem aos seus valores normais, a probalidade será que o terremoto ocorrerá dentro de três dias depois da volta ao normal. Se as medias forem medidas durante noventa dias antes da volta ao normal, o terremoto ocorrerá nove dias depois dessa volta. (Don, 1981)Diante dessas observações, tem-se que os geólogos já sabiam dos eventos que se anteciparam à catástrofe, e pouco ou quase nada fizeram para mitigar seus efeitos. A morte de milhares de pessoas não é tão triste quanto isso. Essa atitude sim. Para aquelas pessoas miseráveis, a morte foi uma libertação; para os que ficaram, dor e sofrimento, sem fim.
Deve ser difícil para os omissos dormirem com um estrondo desses!
E não serve a desculpa do custo dos preparativos e dos problemas da expectativa e da ansiedade que as pessoas teriam de suportar.
Se for possível salvar vidas e mitigar o sofrimento humano por meio de um sistema de alerta com base nas técnicas de previsão, então a ansiedade e o custo dos preparativos para um só alarme falso ou duas previsões erradas valeriam bem o preço de uma só previsão certa.
Porto Principe (Haiti) - uma cidade de favelas, antes do terremoto
Leia mais sobre o terremoto no Caribe, em matérias d’A Página Com a força de um coração cósmico e em Haiti devastado
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3 Comentário(s):
Tanto é verdade que "eles" sabiam da iminência do terremoto no Haiti, que agora os sismólogos já anteciparam tremores maiores do que os ocorridos até agora, para as próximas semanas. É matemático!.
Rede sismográfica mundial regista em média 20 mil sismos ao ano. Cerca de 150 acima de 6 na escala de Richter
Primeiro foi o Haiti, depois o Chile e ontem a Turquia. No intervalo de poucas semanas, a terra tremeu violentamente em diferentes regiões do mundo, afastadas entre si por milhares de quilómetros, deixando um rastro de destruição e centenas de milhares de vítimas mortais e de desalojados. Ainda ontem, um sismo de grau 6 na escala de Richter abalou a zona de Elazig, no Leste da Turquia, vitimando pelo menos 51 pessoas (ver pág. 23). A pergunta impõe-se: será que os sismos estão a aumentar?
"Não", diz taxativo o director do Centro de Geofísica D. Luís da Universidade de Lisboa, Miguel Miranda. E explica: "O número de sismos de grande magnitude, desde que há registos, tem-se mantido relativamente estável de ano para ano."
No seu site, a US Geological Survey (USGS), a agência dos Estados Unidos para o estudo da Terra, dá a mesma resposta, na sequência das "muitas solicitações" que lhe chegam "de pessoas de todo o mundo, perguntando se os sismos estão a aumentar", lê-se ali.
"Embora possa parecer que há mais sismos, os de magnitude 7 [na escala de Richter] ou mais têm-se mantido constantes", explica a USGS. Ou seja, os sismos de grande magnitude, acima dos 7 graus na escala de Richter, que são potencialmente mais destruidores, não têm aumentado.
Os registos sismográficos indicam isso mesmo. Se se considerarem, por exemplo, as três últimas décadas, ocorreram em média, anualmente, quase 140 sismos com magnitudes de 6 a 6,9 graus na escala de Richter, 17 com magnitudes de 7 a 7,9 graus e apenas um com mais de 8 graus na mesma escala. E esta tendência tem-se mantido constante. Vale a pena, então, fazer outra pergunta: porque parece haver mais sismos ultimamente?
A USGS adianta uma resposta: "Nos últimos 20 anos tivemos um crescimento substancial no número de sismos que conseguimos localizar, devido ao tremendo aumento no número de estações sismográficas a nível mundial e aos muitos desenvolvimentos nas comunicações globais."
Em 1931 existiam em todo o mundo 350 destas estações, enquanto agora há mais de oito mil. E esta rede global consegue registar em média 20 mil tremores de terra por ano (50 por dia), sendo que a esmagadora maioria não atinge os 6 graus na escala de Richter. Acima deste valor, como já se viu, ocorrem em média pouco mais de centena e meia de abalos sísmicos por ano no mundo.
Para a USGS, esta é também uma questão de maior percepção por parte do público, devido à globalização da comunicação e também a um maior interesse por parte das pessoas em questões ambientais e desastres naturais.
De resto, como explicou ao DN Miguel Miranda, "não há nenhuma aceleração do movimento das placas, nem aumento da actividade sísmica". E sublinha: "Se todos os meses houvesse um sismo como o do Haiti, poderia dizer-se que a actividade sísmica está a aumentar, mas não há nada que indique isso."
Fazendo contas, e confiando na estatística, o grande sismo do ano já ocorreu. Foi o de dia 27 de Fevereiro, no Chile, que atingiu a magnitude de 8,8 na escala de Richter e causou 799 mortos, sendo considerado um dos cinco mais fortes desde que há registos. Mas prever este tipo de fenómenos ainda não é possível à ciência de hoje.
Sapos são capazes de prever terremotos
O comportamento dos sapos durante o período de acasalamento pode possibilitar "prever o imprevisível", ou seja, um sismo, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira, dia 31, pelos pesquisadores de uma universidade britânica.
Uma "alteração brusca no comportamento" dos sapos comuns machos (Bufo-bufo) foi percebida "cinco dias antes do sismo" ocorrido na cidade italiana de Áquila, no dia 6 de abril de 2009, de acordo com a equipe que vigiava esses anfíbios em seu local de reprodução.
Os resultados obtidos sugerem que "os sapos comuns Bufo-bufo são capazes de pressentir eventos sísmicos importantes e de adaptar seu comportamento em consequência", disse a bióloga Rachel Grant da Universidade Open, em Milton Keynes, Reino Unido.
Outros animais como elefantes, peixes, serpentes ou lobos também foram estudados no passado à procura de sinais precursores de sismo, sem, entretanto, fornecer dados tão concretos como os dos sapos.
[AFP - IstoÉ Online]
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