O rio Itapecerica de Divinópolis requer maior atenção


Chegou a hora de fazer as contas e ver o que vai sobrar do rio Itapecerica e dos mananciais que o alimentam. Politicagem de lado, mangas arregaçadas, espírito de cooperação e mutirão (como estimulava o saudoso Simão Salomé de Oliveira), são as melhores atitudes.
Memórias de uma época - VI

20091116

Os muros de nosso tempo

Novembro marcou o aniversário de grandes eventos de 1989: "o maior ano na história mundial desde 1945", na perspectiva do historiador britânico Timothy Garton Ash. Aquele ano "mudou tudo", escreve. As reformas de Mikhail Gorbachov dentro da Rússia e sua "renúncia ao uso da força, de tirar o fôlego", levaram à queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro, e à libertação do Leste Europeu da tirania russa.

Comemoração sobre o Muro de Berlim, em 1989, fim  Guerra Fria.

Mas não foi só esse o evento mais importante de 1989, estampado na imprensa como vitória da democracia (e dos interesses estratégicos e econômicos dos Estados Unidos, da União Européia e da Rússia), na região.

Houve outro acontecimento, uma semana depois, em El Salvador (16 de novembro), que não mereceu tanta repercussão e análise (foto). Um batalhão Atlacatl de elite, armado pelos Estados Unidos e treinado na Escola LFK de Guerra Especial, no Forte Bragg (Carolina do Norte), executou seis padres jesuítas, importantes intelectuais latino-americanos, juntamente com a cozinheira do grupo e sua filha. Foi a mesma força que havia assassinado o arcebispo Oscar Romero, conhecido como a "voz dos sem voz", em 1980.

Os mártires de El Salvador

O assassinato dos intelectuais jesuítas pretendia por fim à "teologia da libertação", que revitalizara o cristianismo com as modernas iniciativas do papa João XXIII e do Concílio Vaticano II, aberto em 1962. O Vaticano II "promoveu uma nova era na história da Igreja Católica", escreveu o teólogo Hans Kung. Os bispos latino-americanos adotaram "a opção preferencial pelos pobres", renovando o pacifismo radical dos Evangelhos, apagado pelo imperador romano Constantino, ao estabelecer o Cristianismo como a religião oficial do Império Romano - "uma revolução" que, em menos de um século, converteu "a Igreja perseguida" de Cristo em uma "Igreja perseguidora", segundo Kung.

Nesse revival pós-Vaticano II, os padres, freiras e leigos latino-americanos levaram a mensagem dos Evangelhos aos pobres e perseguidos, uniram-nos em comunidades e os encorajaram a tomar as rédeas de seus próprios destinos. A reação a esta heresia foi uma repressão violenta, assistida tacitamente pelo Vaticano.

Os praticantes da teologia da libertação foram os principais alvos, ao longo do terror, do massacre e das torturas ocorridas na América Central. Entre eles estavam os seis mártires da Igreja, cuja execução, há 20 anos, é lembrada em grande silêncio.



PALMAS DA VITÓRIA

Brava gente de carisma inaciano, seis entre centenas de paladinos, heróis na galeria dos mártires, que a América Latina ofereceu, à causa do povo que não morreu!

Nomes como Ellacuria e Ramón, Joaquin Lopez e Ignacio Martins, Segundo Montes e Armando Lopez, escritos e inscritos hoje no céu, convertidos ao povo, não ao léu!

Juntas, duas leigas bem populares, mãe Júlia e a jovem Celina, representando a presença do pobre, sois a imagem das mulheres na Cruz, cheias do ardor e do amor de Jesus!

A vocês, nosso sincero "obrigado"! Donde estais, bem perto à Trindade santa, continuai a pregar ao vosso povo, agora tendo já em mãos a palma da vitória, que está levando vossa gente à glória! (Pe. Paulo Lisboa)
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[A revista do Instituto Humanitas Unisinos (IHU) traz informações online sobre estes eventos em Dossiê - Mártires de El Salvador]

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