O fim do mundo aterroriza
Matéria sobre fim do mundo, da revista Veja, é superficial e descomprometida com a verdade científica. A idéia é desacreditar a realidade proposta pelo filme 2012.
Estava lendo uma matéria de André Petry (Nova Iorque), traduzido pela revista Veja (ed. 2.137, ano 42, n. 44, de 4 Nov 2009), O fim do mundo, na qual o autor tenta responder à questão do por quê “continuamos a acreditar em profecias finalistas apesar de todas elas terem fracassado redondamente?” É um texto de fundo humanista secular, bem escrito, gramaticalmente, com um bom conteúdo histórico sobre medição do tempo (no box), e que tenta desmitificar as profecias sobre as graves mudanças planetárias, previstas para 2012.
Mas além de sua superficial análise do tema, das contradições entre o que analisa e os conceitos adotados, dos argumentos e informações sem fundamentos para ali transpostos, resta visível o sentido de ser uma matéria só para amenizar o impacto do filme 2012 (estreando esta semana), que impressionou a imprensa estadounidense, deixando-a aterrorizada com o que viu na première.
Para Petry, a própria humanidade, é fruto do acaso, um acidente – evolução de um peixe pré-histórico - e procura explicar esse fenômeno adotando o conceito de Brice Hood, segundo o qual já nascemos com o cérebro desenhado para encontrar sentido no mundo, e quando não o encontramos, saltamos para o sobrenatural.
Ao final do artigo, depois de analisar algumas profecias tradicionais da Bíblia e de Nostradamus, de modo pejorativo, tenta reduzir a importância de eventos cósmicos que estão sendo acompanhados pela NASA, citando um desconhecido cientista daquela agência espacial como autoridade no assunto. Desconsiderou, por exemplo, que os cientistas do mundo inteiro (não só da NASA) estão empenhados na construção da ISS (estação orbital), em nova exploração lunar, na ocupação de Marte e na ampliação da observação do céu, considerando como nunca os perigos que cometas, asteroides e planetas podem trazer para nosso planeta.
Diz também que não há nenhum alinhamento do nosso sistema solar com o centro da Via Láctea, porque ninguém conhece esse ponto, e que, se alguém conhecer ele oferece uma viagem interplanetária como prêmio. É só força de expressão, é claro, pois ainda não há viagens interplanetárias e nem ele tem cacife para isso.
MAS NÃO É BEM ASSIM
O autor do texto de capa da Veja está, cosmicamente, enganado; a matéria não é confiável. Segundo informe da NASA, de 5 Set 2001, o Chandra X-ray Observatory (Observatório Espacial de Rayos X) detectou uma curiosa explosão proveniente do núcleo de nossa galáxia. Para os cientistas era um sinal de que um buraco negro, realmente, poderia estar devorando a seus vizinhos. Esta foi a segunda vez que os telescópios de Chandra foram apontados para o centro da Via Láctea – a região da constelação de Sagitário (pontos mais brilhantes).
O centro da Via Lactea, na estrela Sagitário A*
A primeira vez que o centro da galáxia foi observado ocorreu em 1999, quando a equipe de Fred Baganoff, do Massachussetts Institute of Technology (Instituto Tecnológico de Massachussetts), descobriu, pela primeira vez, um buraco negro, o "monstro", no centro de nossa galáxia (Informe da NASA, de 29 Fev 2000).
Ponto mais luminoso (estrela de Sagitário A*), no lado direito da imagem
Este ano, nas celebrações do Ano Internacional da Astronomia, cientistas dos grandes observatórios da NASA – Hubble, Spitzer e Chandra – juntos, compuseram uma imagem sem precedentes da região central da Via Láctea. (Saiba mais!)
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